A Universidade de São Paulo (USP) aprovou nesta quinta-feira, 16, mudanças no vestibular da Fuvest que já valem para o exame deste ano. A primeira fase, que continua com 90 questões de múltipla escolha, deixará de contar pontos para a nota final da prova. A segunda etapa terá agora três dias e cobrará todas as disciplinas do ensino médio - até o ano passado, apenas português e redação eram obrigatórias para todos os cursos e o restante dos exames era definido conforme a carreira escolhida.
As mudanças foram noticiadas pelo Estado com exclusividade no início de março. O documento com as propostas da reitoria foi apresentado às faculdades em uma reunião no fim de fevereiro e, desde então, passou por votações em cada uma delas. Ontem, em uma reunião do conselho de graduação da universidade, cada unidade expressou seu voto. O projeto da reitoria teve 23 votos a favor e 10 contra. A USP tem 40 unidades; as outras sete preferiram não votar. A maior queixa dos que discordavam da proposta era a rapidez com que a reitoria apresentou e colocou em votação as mudanças na FUVEST. Este é o último não da gestão da reitora Suely Vilela. "Não éramos contra a proposta, mas uma mudança como essa deveria ter sido mais discutida e defendíamos que só fossem implementadas no vestibular do ano que vem", disse o presidente da comissão de graduação da Escola Politécnica, Paul Jean Jeszensky. Além da Poli , o Instituto de Matemática e Estatística (IME), o Instituto de Física e a Odontologia, de Bauru, também votaram contra.
Segundo a pró-reitora de graduação da USP, Selma Garrido Pimenta, o objetivo da mudança é passar a exigir uma formação mais geral dos candidatos. "Não há uma ruptura da essência, só estamos valorizando todas as disciplinas do ensino médio. Os estudantes não precisam mudar a forma como estão se preparando", disse. No primeiro dia da segunda fase, a partir de agora, haverá dez questões de português e redação, com 4 horas de duração.
O segundo terá 20 questões dissertativas das sete disciplinas: biologia, química, física, matemática, história, geografia e inglês (esta última não constava do projeto inicial e foi incluída por sugestão das unidades). Não haverá um número exato de perguntas para cada disciplina e elas podem ser interdisciplinares ou não.
Serão também 4 horas de duração, assim como o último dia, em que haverá 12 questões dissertativas entre duas e três disciplinas, que devem ser escolhidas pela faculdade em que o curso é dado. "Todas as questões da segunda fase serão difíceis", disse a pró-reitora ao ser questionada se as perguntas do segundo dia seriam mais acessíveis, como estava descrito no projeto inicial da USP. A prova específica de arquitetura será realizada em um quarto dia de exames.
O mesmo documento também explicava que uma primeira fase que não fosse computada na nota final seria mais "vantajosa" do ponto de vista da inclusão social, já que estudantes de escolas privadas que podem pagar cursinhos tinham mais facilidade para se sair bem nas questões de múltipla escolha. Selma negou que as mudanças tivessem qualquer intenção de favorecer estudantes de escolas públicas. "A primeira fase se revelava pouco preditiva do bom aluno que se revelava na segunda fase", disse ela, ao justificar ontem o descarte dos pontos da etapa inicial, que continuará a ter 10% de suas perguntas interdisciplinares.
Nada será mudado com relação ao uso da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na prova da Fuvest, o exame - que será ampliado neste ano para se tornar o vestibular das universidades federais, continua a valer 20% da primeira fase. O programa de inclusão da USP (Inclusp) também não foi alterado. Segundo Selma, a porcentagem dos estudantes de escolas públicas que foram aprovados na USP neste ano aumentou para 30,1% depois de todas as chamadas. Apenas com a informação da primeira lista de convocados, o índice era de 29,2%. No ano passado, cerca de 120 mil estudantes participaram da Fuvest, que oferecia 10.557 vagas.
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,usp-aprova-mudancas-no-vestibular-da-fuvest,355952,0.htm
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